O futuro da mobilidade urbana: um novo capítulo para o desenvolvimento social
Entrevista com Wanderley Galhiego Júnior, diretor de Relações Institucionais da Socicam, explora os novos rumos do transporte coletivo com a atuação do BNDES na agenda de mobilidade urbana
A mobilidade urbana está prestes a alcançar novo espaço nas agendas das grandes metrópoles. O setor, historicamente carente de diretrizes para tornar o deslocamento diário de milhões de pessoas mais eficiente, está diante de um marco capaz de alterar de forma significativa a maneira como o transporte coletivo é realizado no país, com reflexos diretos na qualidade de vida da população.
Neste cenário, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) desponta como um ator estratégico. Em parceria com o Ministério das Cidades, a instituição está liderando a elaboração de uma Estratégia Nacional de Mobilidade Urbana, com o objetivo de diagnosticar de forma precisa as demandas do setor para os próximos 30 anos em 21 cidades com mais de 1 milhão de habitantes, e desenvolver uma carteira de projetos voltados para concessões e parcerias público-privadas (PPPs). Esses esforços, inseridos no âmbito do Novo PAC, visam promover investimentos para modernizar os sistemas de transporte público, organizando boas práticas para todos os envolvidos.
Ao assumir o protagonismo para a elaboração deste diagnóstico, com investimentos de R$ 27,8 milhões para a realização do estudo, o BNDES não apenas endossa a relevância da temática, mas também aponta caminhos para que seja possível integrar as demandas do presente às soluções que moldarão o futuro das cidades brasileiras.
Para Wanderley Galhiego Júnior, diretor de Relações Institucionais da Socicam, o tema vai muito além do deslocamento nos centros urbanos. “Falar de mobilidade urbana é falar da vida das pessoas, de saúde pública, de desenvolvimento sustentável e social”, destaca.
“Não poderíamos ter um facilitador mais adequado que o Banco do Desenvolvimento Econômico e Social e suas competentes lideranças para entregar ao Parlamento, ao Estado e à sociedade uma visão consolidada das necessidades de investimento e das parcerias possíveis para implementar projetos e estruturas que tornem a mobilidade urbana uma pauta prioritária e permanente. Nesse cenário, é fundamental destacar a presença do “S”, de social, que a eleva ao lugar que ela merece, por impactar diretamente a vida das pessoas”, ressalta Galhiego Júnior.
Diariamente, milhares de brasileiros enfrentam desafios de tempo, conforto e conveniência em seus deslocamentos. Por outro lado, Wanderley acredita que o estudo pode trazer mudanças significativas neste cenário. “Com diagnósticos mais precisos, nossas cidades poderão transformar a rotina dos cidadãos, poupando tempo, incentivando o uso do transporte coletivo e melhorando a qualidade de vida. Além disso, reduzir a quantidade de veículos nas ruas é essencial para a sustentabilidade, pois diminui a emissão de gases do efeito estufa, beneficiando as próximas gerações”, avalia.
O executivo também considera a possibilidade de implementação de novas tecnologias. “Acredito muito na adoção de veículos elétricos, seguindo o exemplo de práticas já adotadas na Europa e no Chile, nosso vizinho. Até que surjam tecnologias ainda mais avançadas, tudo indica que a eletromobilidade veio para ficar. Embora o Brasil discuta amplamente o transporte sobre trilhos, a população Brasileira ainda se desloca sobre pneus. Por isso, é essencial avaliar como podemos aprimorar o sistema como um todo, levando em conta essa realidade”, pontua.
Outro elemento preponderante para o êxito da Estratégia Nacional de Mobilidade Urbana, de acordo com Wanderley, é a necessidade de considerar uma ampla gama de fatores. “Embora a discussão frequentemente se concentre nos veículos e na modernização dos modais, a eficiência do sistema depende do alinhamento de todas as partes. Para que uma pessoa prefira o uso do coletivo, ela vai analisar muitos critérios. Isso inclui segurança pública, qualidade da infraestrutura de abrigos e terminais, facilidade na compra e recarga de passagens, vias segregadas, conforto interno, ruído dos veículos, manutenção adequada, entre outros aspectos”, enfatiza.
Com uma cadeia de elementos extensa e nem sempre tratada com a devida atenção no debate público, a centralização do tema por uma instituição da relevância do BNDES representa potencial importante não apenas para viabilizar novos projetos e iniciativas, mas também para promover uma nova consciência entre autoridades e agentes do setor sobre suas responsabilidades.
“Entendo que as boas práticas devem incluir a implementação de novos modelos de contrato, em que cada ator envolvido desempenhe o que faz de melhor, com responsabilidades bem divididas entre quem transporta, quem gerencia as infraestruturas e a conveniência dos terminais, entre outros”, destaca Wanderley.
Como exemplo de boas práticas, o diretor destaca a atuação da SP Terminais Noroeste e a Nova Mobi Pernambuco, primeiras Concessionárias de PPPs de Infraestruturas de Mobilidade Urbana (Terminais e Estações de Transferência) e que integram o Grupo Socicam. Na grande Recife, a Nova Mobi consolida seu protagonismo em inovação por meio da implementação do CORE – Inteligência Integrada, uma revolução dos conhecidos centros de controles operacionais e que atende a todos os empreendimentos da concessionária.
Por meio de Inteligência Artificial (IA), Machine Learning e Internet das Coisas (IoT), o CORE integra dispositivos de monitoramento capazes de identificar situações atípicas de forma automática e em tempo real, garantindo mais segurança e conforto aos usuários.
Já em São Paulo, a mobilidade urbana avança para uma nova era com a entrega das obras de modernização das unidades sob gestão da SP Terminais. Mais de 94 mil pessoas já são beneficiadas diariamente por melhorias que vão além da requalificação visual. Entre as inovações, destacam-se a eficiência na comunicação, com painéis de mensagens dinâmicas que informam horários estimados de chegada e partida dos ônibus, totens de autoatendimento, novas câmeras, modernização do centro de controle operacional, Wi-Fi gratuito, além de mais acessibilidade e conveniência.
Socicam é pioneira em mobilidade urbana
Líder no segmento de infraestrutura de mobilidade, a Socicam é pioneira em soluções que tornam o deslocamento urbano mais eficiente e prático, movimentando cerca de 2 milhões de pessoas diariamente nesse modal. Com mais de 52 anos de trajetória, a atuação da empresa no setor urbano começou em 1997, na capital paulista.
Desde então, a Socicam tem como missão melhorar a experiência dos usuários fora dos veículos, oferecendo agilidade, clareza nas informações, segurança nos terminais, infraestrutura de qualidade com sanitários e acessibilidade, além de facilidades na compra de bilhetes e conveniência comercial.
“Entendemos que se locomover pode ser uma experiência desafiadora e, muitas vezes, desconfortável. Por isso, nos dedicamos a desenvolver soluções de infraestrutura que proporcionem aos clientes do transporte a experiência mais confortável possível enquanto ‘viajam fora do coletivo’, seja por terra, água ou ar. Nesse debate, temos muito a contribuir e acreditamos no potencial que o tema possui de transformar a realidade dos brasileiros”, finaliza Galhiego Júnior.
Comentários não são permitidos.